Mário Mendes
O EntreVistas escolheu para primeiro entrevistado o ex-árbitro Mário Mendes. Mário Mendes foi árbitro na primeira divisão portuguesa de futebol durante vários anos, chegando a acompanhar equipas de arbitragem portuguesas em compromissos internacionais.
Ficha Técnica
Nome: Mário da Costa Mendes
Profissão: Empresário
Data de nascimento – 19.05.1960
Categoria: 1ª categoria
Árbitro de futebol: Primeira e Segunda Liga Portuguesa de Futebol Profissional, (acompanhou como 4º Arbitro, os árbitros internacionais da Liga dos Campeões Europeus e Taça UEFA);
Último jogo da carreira: Beira-Mar (2) – Guimarães (1), Estádio Mário Duarte, em Aveiro (2005);
Praticou futebol (C.F. “Os Marialvas”; “Sombras Negras”, G.D.“Os Águias” e “Febres S.C.”)> 12 anos a jogar futebol;
Só depois Iniciou a carreira de árbitro;
Curiosidades: jogos a nível internacional: “Rapid Viena Vs Ajax” (taça UEFA); Dinamo de Moscovo Vs Lazio (Liga dos Campeões Europeus).
Arbitrou em todos os campos que acolheram os jogos do Campeonato da Europa de 2004.
Personalidades célebres com quem manteve relações desportivas: Figo, Carlos Queiros, Pierugli Collina, Cristiano Ronaldo, Trapattoni, Mourinho, Fernando Gomes, Feher, Enke, entre outros.
Eis as questões...
"Entre Vistas"- Começou por praticar futebol e depois iniciou a sua carreira de árbitro. Porque tomou essa decisão?
"Mário Mendes" > “Portanto, tendo permanecido como jogador, várias épocas na 3ª divisão nacional, cedo percebi que não tinha competências para chegar aos grandes palcos do futebol português, como jogador, é claro. A única via de poder alcançar esse meu objectivo, era tornar-me árbitro. Aos 26 anos enveredei pela carreira de árbitro.”
"E.V."- Lembra-se do seu primeiro jogo como árbitro?
"M.M." > “Lembro-me como se fosse ontem, como se costuma dizer. O jogo em questão foi o Santa Clara/Coimbra Vs S. Caetano, a contar para o campeonato da 3ª divisão Distrital. Após o final do jogo tive uma enorme sensação de que podia ter continuado a carreira de jogador, pois o nível de jogo praticado foi de tal maneira mau, que me fez sentir que podia jogar durante mais tempo.”
"E.V."- E do último?
"M.M." > “Sim, Beira Mar Vs Guimaraes, que foi o jogo em que senti uma grande nostalgia, por ser ali que acabara a minha carreira, e assim deixar de pertencer à elite do futebol português.”
"E.V." - Um árbitro começa, obviamente, pelos escalões mais baixos. Alguma vez pensou chegar ao mais alto nível?
"M.M." > “ Sendo um homem ambicioso e crente, esse foi o sentimento que, desde o meu primeiro jogo como árbitro, me acompanhou”
"E.V." - Demorou muito tempo a afirmar-se na arbitragem?
"M.M." > “Não, foi no mínimo espaço de tempo possível, que um árbitro tem para chegar à 1ª Divisao. Estive 3 anos na distrital, 1 na terceira nacional, 2 na segunda nacional, e após estes seis anos cheguei à 1ª nacional, onde permaneci ao longo de onze épocas.”
"E.V." - Os árbitros do futebol profissional estão sempre sob uma grande pressão e são constantemente alvo de críticas. Conseguiu lidar sempre com o problema?
"M.M." > “Sim. Portanto, a forma de lidar com a pressão também se treina, daí nós termos uma vertente de treino do foro psicológico, no qual nos preparamos jogo a jogo.”
"E.V." - Alguma vez pensou em abandonar a carreira prematuramente?
"M.M." > “Além do primeiro jogo de estreia como árbitro, senti vontade de abandonar, no jogo de 1ª divisão, em que actuei como árbitro assistente, em Portimão (Portimonense Vs F.C. Porto), em que o jogo correu muito mal, tendo havido dificuldades em abandonar as instalações do clube.”
"E.V." - Qual foi o jogo que o marcou mais?
"M.M." > “F.C. Porto Vs Boavista (2002/2003) foi o jogo que para sempre terei na minha memoria. Perante 55 mil pessoas, a equipa de arbitragem foi considerada a melhor em campo, tendo sido o ultimo derbi realizado no Estadio das Antas.”
"E.V." - Agora que está fora dos grandes palcos, torce por algum clube?
"M.M." > “sim, torço pelo mesmo clube de sempre, Académica de Coimbra”
"E.V." - Ainda está ligado à arbitragem ou ao futebol, de alguma outra forma?
"M.M." > “Sim, actualmente sou o responsável técnico pelo centro de treinos do Luso, onde os árbitros da 1ª divisão nacional, Zona Centro, são treinados. Tenho também como função, o acompanhamento técnico dos jogos realizados pelos árbitros em questão.”
"E.V." - É a favor da introdução das novas tecnologias (que vão entrar em vigor)?
"M.M." > “Sim, sou. No entanto, essas medidas não são fáceis de aplicar, visto que terá que haver uma grande alteração das leis do futebol, e a entidade reguladora (“Internacional Board”) não está muito receptiva a grandes mudanças.”
